sexta-feira, 31 de julho de 2009


O quarto da solidão


Há locais que costumam ser associados à solidão. Nenhum outro expressa (e acolhe) tão bem quanto o quarto. Pode haver móveis ou coisas antigas, como a imprimir o passado onde não há presente. Pode haver alguém deitado na cama, como a sugerir um resquício de amor. Pode haver sons, cores, brilhos e sombras, como a esconder palavras que se guardam caladas. Não interessa se o quarto é pequeno ou grande. Na solidão, ele é sempre imenso, vasto, extenso. De uma pare à outra, caminha-se por anos de lembranças e abandonos. Da cama à porta, vê-se uma longa vereda margeada por reminiscências de infâncias perdidas. A minha. A tua. A de todos nós. O quarto esconde tudo. O quarto mostra tudo. O quarto é a medida exata de cada solidão.

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