sexta-feira, 31 de julho de 2009


Quem és tu?


Quem és tu, ser que me olha com esses olhos de macaco? Tua pele branca, amarela, cinza ou preta nada me dizem sobre tua origem ou teu destino. Tua boca calada parece fechada há séculos. Que me dizes, então? Há algo a ser confessado? Que tens feito pelos campos e pelas cidades, além de comer, beber, transar e lamentar? Onde estão teus irmãos? Ainda brigas com eles por um naco de osso ou por uma sombra sob a árvore? Ainda não te cansaste? E o que construíste junto aos teus irmãos, ainda está de pé ou destruíste por achar que eras dono de tudo? Será que ainda te lembras da tua infância? Sabias tão pouco das coisas da vida. E hoje, que sabes? Que sabes de ti e de teus irmãos? Ah! Percebo que em teu mundo só cabe a ti. Desejas viver sozinho pelas eternidades dos dias na terra? Desejas tomar posse, definitivamente, sobre todas as riquezas e todas as belezas? Que farás, então, sozinho e dono de tudo? Serás feliz? Feliz com quem? Quem irá te ouvir ou ler tuas histórias? Quem irá cuidar de ti quando o tempo chegar ao fim? Quem irá cuidar das tuas coisas depois de ti? Ah! Percebo novamente que não costumas te perguntar sobre todas essas coisas. Talvez por isso continuas a me olhar com esses olhos de macaco. Mas teus olhos não são esses. São outros os teus olhos. É outra a vida que podes viver e deixar que outros vivam. É outro o destino que podes construir. Mas, se quiseres continuar macaco, tira teus olhos de mim.

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