sexta-feira, 31 de julho de 2009


Para contar aos filhos



Quando meus filhos crescerem, vou contar que um dia existiu uma mulher chamada Marilyn. Vou dizer que, para namorar, casar, ter filhos e envelhecer com eles, a vizinha, a secretária, a vendedora, a desocupada ou a prima estão lá fora, na rua, no mundo, à espera deles, príncipes desencantados, mas ainda príncipes.




Mas vou dizer também que, para sonhar, imaginar, divagar, delirar ou se extasiar, ficaram algumas imagens de Marilyn. Nelas, eles podem vislumbrar o poder inebriante que a beleza exerce sobre os homens. Verão uma mulher diferente da realidade. Uma mulher com ar angelical, com olhos adormecidos e adormecedores, com lábios tecidos para oníricos beijos vermelho-púrpura, com ombros a estreitar-se para o melhor esbanjamento dos seios, das costas e das nádegas, com coxas fartas e modeladas no classicismo greco-romano. Ah! Eles verão! Verão uma mulher feliz, com o olhar malicioso e o sorriso traiçoeiro. Verão, num ato de concessão da parte dela talvez, uma olhar parado na eternidade do tempo dos mortais, como a se apiedar dos olhos que a desejam. Verão, no conjunto, um convite à metafísica do corpo. Verão, nos detalhes, o brilho físico da alma feminina no mais alto esplendor. E, se foram ateus, talvez duvidem de sua crença. Sim, talvez tenham, ao ver Marilyn, a dúvida quanto à inexistência de Deus.

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